Há onze anos atrás, quando
fundamos a FTU – Faculdade de Teologia com ênfase nas Religiões
Afro-brasileiras – nos propusemos a valorizar as tradições (Candomblés,
Encantarias e Umbandas) respeitando suas diferenças, mas com igual importância.
De 2003 para cá, abrimos o curso
de bacharelado em teologia afro-brasileira, reconhecido com nota de excelência,
cursos de extensão universitária presenciais e telepresenciais (aplicados em
terreiros no Brasil, Uruguai e Portugal) e mais recentemente turmas de
pós-graduação (nível especialização) presenciais nas cidades de São Paulo,
Brasília e Curitiba.
Pois bem, em São Paulo, o curso
contou com importantes pesquisadores sobre religiões afro-brasileiras. Cito:
Reginaldo Prandi, Sérgio Ferretti, Mundicarmo Ferretti, Irene Dias, Maria
Helena Villas Boas Concone, Volney Berkenbrock, Luiz Assunção, entre outros. Grandes
nomes como estes não participariam de um projeto, se não tivessem a certeza do
compromisso da FTU com a educação brasileira por meio da teologia afro-brasileira.
O primeiro trabalho de
especialização em teologia afro-brasileira da história fora defendido pelo
nosso filho espiritual João Luiz Carneiro (Yabauara) nas dependências da FTU.
Seu trabalho versou sobre a teologia afro-brasileira como campo próprio de
conhecimento e foi aprovado com louvor. No ano seguinte da sua defesa e titulação
como especialista desta área, a renomada editora Vozes publica o texto intitulado: “Religiões Afro-brasileiras – Uma
construção teológica”. Uma editora grande como esta só reforça a importância da
teologia afro-brasileira descrita pelo nosso filho.
Interessante comentar que o livro
foi prefaciado pelo prof. Dr. Reginaldo Prandi (USP), um exímio acadêmico que entregou
muitas contribuições à comunidade científica. Possui várias obras literárias
com grande repercussão na sociedade. O prefácio do professor é muito
interessante, mas gostaríamos de destacar o trecho:
“Se houve um tempo em que as
religiões afro-brasileiras não falavam por si mesmas no diálogo com o mundo fora
do terreiro, mas se contentavam em se deixar nas mãos das ciências sociais, que
falavam por elas, agora, com a nova escola (FTU), a ideia era permitir que elas
mesmas estabelecessem um diálogo com as ciências humanas por meio do trabalho
de seus profissionais da religião e falassem por si mesmas. Tarefa nada fácil.
E de difícil aceitação por quem está de fora.”
João Luiz Carneiro demonstra
exatamente isto que Prandi alerta em seu livro. Reúne contribuições de vários setores
científicos, mas na parte teológica em si utiliza o conhecimento religioso das religiões
afro-brasileiras decodificado e traduzido para uma ciência própria, a teologia
afro-brasileira. Com todo respeito que nutrimos aos teólogos cristãos e filósofos,
mas faltam elementos epistêmicos e metodológicos para produção de conteúdo
teológico afro-brasileiro genuíno.
São nos terreiros que estes
saberes surgem e nas salas de aula da FTU que os mesmos são refletidos e
sistematizados. Sendo assim, existe mais do que uma parceria entre religião e ciência.
Como já afirmamos anteriormente, são braços diferentes de um mesmo corpo.
Por tudo isso, convido a todos os
nossos seguidores do Blog a ler o livro de nosso filho. Em tempos onde muitos
privilegiam as aparências do que a simplicidade de serem o que são, João Luiz
Carneiro vai ao encontro da nossa Raiz. Primeiro fazemos. Depois mostramos ao
grande público os feitos...
Minhas bênçãos a você, Yabauara: Onan rerê, Ayó e
Axé!
Abaixo, seguem as fotos da capa,
quarta capa e orelha. Clique para ampliar!



Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”
Publicação 568
Publicação 568
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